sábado, 2 de outubro de 2010

Súbita dádiva V



Final


O encarei perplexa. Os traços de seu rosto eram lindos. Ele tinha um nariz fino, passei minhas pequenas mãos por ele descendo para sua boca. O encarei profundamente, vendo uma pequena lágrima escorrer sobre seu lindo rosto, logo a enxuguei. Voltei a encará-lo desnorteada. Ele era cego e nunca havia contado para mim?
- Porque você não me contou Henrique? – Levantei, sem dar tempo de ele impedir meu ato inesperado.
- Isa, eu...
- CONFIEI EM VOCÊ HENRIQUE, QUAL O MOTIVO DE VOCÊ NÃO TER ME CONTADO QUE TAMBÉM ERA CEGO?
- Isa, me desculpa.
- Eu te... – Não tive forças para terminar a frase. Sai correndo para minha casa. Passamos meses e meses juntos, e ele me enganando. Confiei nele, ele me ajudava e não entendia o motivo de esconder sua dificuldade que tínhamos em comum. Eu também era cega, por que ele não podia contar para mim?
Subi rapidamente as escadas de minha casa. Abri a porta de meu quarto e cai sobre minha cama.
            Durante uma semana notei que Henrique continuava indo ao parque de praxe, mas eu não tinha forças – ou coragem – para ir até ele.
Um mês depois de todo este ocorrido, estava voltando do colégio, passei pelo parque, mas ele não estava mais lá. Continuei caminhado para casa de cabeça abaixada. O pior foi perceber que desistimos de uma vez do nosso amor. Entrei em casa e logo debaixo da porta havia um envelope rosa misturado com outras contas para pagar. Peguei o envelope que tinha meu nome escrito com uma letra bem elegante.
Entrei em meu quarto deixando minha mala por algum canto, sentei na cadeira enfrente a escrivaninha. Imaginei mil e uma possibilidades de quem poderia ser, mas nada vinha em minha cabeça.
Abri a carta e grossas gotas de água escorriam em meu rosto.

Cuide bem dos meus olhos! Henrique.


FIM!

Essa história foi baseada em uma corrente de mensagens.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Súbita dádiva IV


Parte IV


- O que acha? – Perguntou meu pai.
Estava desnorteada, não sabia se olhava para ele, para o quarto ou para as estranhas pessoas que estavam ao meu redor.
- É maravilhoso – e as primeiras gotas começaram a escorrer pelo meu rosto. Meu pai veio ao meu alcance me dando um forte abraço. Tudo era maravilhoso, o quarto era aconchegante, branco, dando um ar de leveza. Tinha uma escrivaninha logo ao lado da cama, onde percebi que havia vários ramos de flores. Peguei um ramo de rosas apreciando aquelas lindas flores. No meio daquelas flores vermelhas havia um pequeno cartão rosa claro. O peguei entregando para meu pai para que ele pudesse ler para mim.
- Leia, por favor, pai.
- “Querida Isa, fui a sua casa há alguns dias atrás mais não havia ninguém. Resolvi ligar para seu celular e seu pai me contou sobre sua cirurgia. Estarei no parque quando você voltar amor. De seu namorado, Henrique” - lágrimas e mais lágrimas escorriam sobre meu rosto.
- Ele te ama filha – meu pai sorriu para mim esboçando um sorriso muito bonito.
- Doutor será que já posso ir?
Meu pai resolveu as últimas papeladas no hospital e pedi para que ele me deixasse no parque. Chegando lá sai correndo até o banco que passei as melhores tardes com Henrique. Ele ainda não havia chegado. Não censurei, afinal era uma hora da tarde e nós sempre nos encontrávamos lá pelas três. Parei em frente ao pequeno banco de madeira. Em sua frente havia um extenso lago verde, com muitas pombas brancas voando. Imaginei que certamente sentávamos de costas para ele. Burrice! Sim isso era muita burrice passar tantas tardes de costas para aquela paisagem maravilhosa.
Sentei no banco, mas dessa vez de frente para o lago. Peguei algumas pedras esparramadas pela grama, e atirava uma por uma naquela imensidade verde cheia de água.
Senti alguém respirar fortemente ao meu lado. Virei e abracei Henrique. Aos poucos nos separávamos até finalmente ficar um de frente para o outro. Ele sussurrou em meu ouvido.
- Prometa que a partir de agora você só irá sorrir amor.
- Prometo! – Respondi animada selando nossos lábios em um suave e rápido beijo.
Fechei meus olhos e segurei firme o rosto de Henrique. Senti as mãos quentes dele sobre as minhas e aos poucos fui abrindo meus olhos. 

continua